Mudanças de estilo de vida diminuem o risco de AVC

Os cientistas calcularam o risco de AVC entre quase 23 mil norte-americanos a partir dos 45 anos. O risco foi avaliado usando sete fatores de estilo de vida recomendados pela American Heart Association: controlar o colesterol , ser ativo, ter uma dieta saudável, controlar a, manter um peso saudável, controlar o açúcar no sangue e não fumar.

Durante os cinco anos de acompanhamento, 432 derrames ocorreram entre os participantes. Os pesquisadores categorizaram os sete pontos de vida dos participantes como inadequado (0-4 pontos), médio (5-9 pontos) ou ótimas (10 a 14 pontos). Cada aumento de um ponto foi associado com um risco 8% menor de acidente vascular cerebral. Pessoas com melhores pontuações tiveram um risco 48% menor do que aqueles com pontuações inadequadas, e aqueles com pontuações médias tiveram um risco 27% menor.

Todos os sete fatores desempenharam um papel importante na prevenção de risco de AVC, mas a pressão arterial foi o mais importante. Analisando esse fator isoladamente, pessoas que mantinham a pressão controlada tiveram um risco 60% menor de sofrer um derrame cerebral, se comparados com aqueles que não tomavam esse cuidado. O trabalho também mostrou que pessoas que não fumam ou pararam de fumar no mínimo um ano antes do início do estudo tiveram um risco 40% menor de AVC.

Entenda porque esses hábitos são importantes
O AVC é responsável pela morte de cinco milhões de pessoas no mundo a cada ano, de acordo com a OMS. No Brasil, a doença mata mais que o infarto: são mais de 100 mil pessoas por ano, segundo o Ministério da Saúde. Outro dado alarmante é que um em cada seis brasileiros corre risco de sofrer um derrame.

“Popularmente conhecido como derrame, o acidente vascular cerebral é uma alteração do fluxo de sangue no cérebro, que ocorre por falta ou extravasamento de sangue em alguma região do corpo”, explica o neurologista André Lima, do Hospital Barra D’or, especialista em prevenção dessa doença.

Mas é possível se prevenir de um AVC, já que a maioria dos fatores de risco para o quadro clínico pode ser evitada. “Quanto mais idade a pessoa tiver, maiores são as chances de derrame e, por isso, os cuidados devem ser redobrados”, alerta o neurologista Maurício Hoshino. Saiba porque as mudanças no estilo de vida são importantes para prevenir esse mal:

Colesterol alto – O excesso de colesterol no sangue aumenta o espessamento e endurecimento das artérias. “Placas de colesterol e conteúdos gordurosos se depositam lentamente na artéria, fazendo com que ela se feche aos poucos e impeça a passagem de fluxo sanguíneo”, explica Maurício Hoshino. Esse processo provoca arteriosclerose – endurecimento das artérias – e prejudica a oxigenação do cérebro, aumentando o risco de AVC.

Sedentarismo e obesidade – A prática de exercícios físicos é fundamental para controlar praticamente todos os fatores de risco de AVC. Por outro lado, a falta desse hábito e a obesidade só aumentam as chances. “Pressão alta, colesterol elevado, diabetes e doenças cardíacas são complicações decorrentes do excesso de peso e precisam ser prevenidas e controladas com bons hábitos, o que inclui atividade física regular”, alerta Maurício Hoshino.

Má alimentação – Uma vez que diabetes, colesterol, obesidade e hipertensão aumentam as chances de AVC, todos os cuidados para controlar essas doenças servem de prevenção – e a alimentação ganha destaque. Fazer uma dieta balanceada, moderar o consumo de sódio (para pressão alta), evitar alimentos ricos em colesterol e gorduras saturadas (frituras), controlar o consumo de açúcar (para diabetes) são alguns dos hábitos que devem fazer parte da rotina.

Pressão alta – A pressão alta ocupa o topo do ranking de maiores causas de acidente vascular cerebral. O neurologista André Lima explica que as paredes internas das artérias sofrem traumas por causa do fluxo do sangue mais forte. “Esses traumas formam pequenos ferimentos nas paredes, que podem obstruir a passagem do sangue (AVC isquêmico) ou romper a parede da artéria (AVC hemorrágico)”, explica. É possível, entretanto, controlar a hipertensão com medicação e hábitos saudáveis, como reduzir o consumo de sal da alimentação e praticar exercícios.

Excesso de açúcar no sangue – O excesso de glicose no sangue característica do diabetes – aumenta a coagulação do sangue e o deixa mais viscoso. “Isso diminui o fluxo de sangue das artérias e pode levar a um AVC”, conta André Lima. Além disso, é comum que pessoas com diabetes também apresentem sobrepeso, colesterol alto e pressão alta – todos fatores de risco de derrame cerebral. Mas vale lembrar que esses problemas – inclusive diabetes – podem ser controlados com tratamento médico regular e hábitos de vida saudáveis.

Tabagismo – Substâncias do cigarro fazem com que a coagulação do sangue aumente. Com isso, o sangue fica mais grosso e fluxo nas artérias, por sua vez, fica prejudicado, aumentando as chances de um derrame. “Pessoas que fumam e usam contraceptivos orais têm riscos maiores ainda, pois os hormônios dos anticoncepcionais também interferem na coagulação sanguínea”, explica André Lima.

Doenças do coração – De acordo com o neurologista André Lima, arritmias cardíacas podem formar pequenos coágulos dentro das artérias e veias do coração. “Esses coágulos podem ser enviados às artérias cerebrais, provocando um AVC isquêmico”, explica. O neurologista Maurício Hoshino, do Hospital das Clínicas, de São Paulo, também lembra que há uma série de problemas do coração que podem atrapalhar o fluxo sanguíneo e aumentar as chances de derrame. “Um deles é o Forame Oval Patente (FOP), uma má formação do coração que atinge 15% da população e faz com que coágulos que deveriam ser filtrados pelo pulmão permaneçam na circulação, aumentando o risco de AVC, inclusive, em jovens”, explica.

 

Sintomas do AVC 
Quem sofrer um AVC do tipo isquêmico (com incidência três vezes maior que o tipo hemorrágico) tem até quatro horas e meia para ser socorrido e reduzir o risco de sequelas ou risco de morte, como explica o neurologista Maurício Hoshino. “É possível perceber os sintomas através da sigla SAMU, que significa dar um Sorriso, para verificar desvios na boca; tentar dar um Abraço, para ver se há dificuldade de levantar os braços e tentar cantar uma Música, para ver se há dificuldade de fala e processamento do cérebro”, conta. Infelizmente, Hoshino conta que menos de 5% dos pacientes que frequentam o Hospital Santa Catarina e Hospital das Clínicas, onde ele trabalha, chegam antes do período de quatro horas.

Fonte: minhavida.com.br/saude

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