Grupo de pesquisadores de Joinville é selecionado pelo Governo Federal para coordenar estudo sobre o AVC no País

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Norberto Cabral doutor em neurologia, professor da Univille e coordenador do grupo
Foto: Salmo Duarte / Agencia RBS

Um grupo de Joinville que é referência na pesquisa do acidente vascular cerebral (AVC) foi selecionado pelo Ministério da Saúde para coordenar um estudo simultâneo em cinco cidades do País. O objetivo é avaliar a incidência, letalidade e a participação de fatores de risco na ocorrência da doença. A equipe vai coordenar o braço epidemiológico e de análise de DNA da Rede Nacional de Pesquisa de AVC.

O coordenador do grupo, Norberto Cabral, doutor em neurologia e professor do curso de medicina da Univille, explica que a intenção do governo é avaliar se os investimentos que o Ministério da Saúde está fazendo no Programa Farmácia Popular estão surtindo efeito e diminuindo a ocorrência da doença.

Estão sendo oferecidas novas e mais eficientes medicações, como o Losartana, no combate à hipertensão; e a insulina filtrada, para um melhor controle do diabetes _ doenças consideradas fatores de risco para o AVC.

A pesquisa também vai ajudar o governo a medir a qualidade da resposta dos hospitais que têm unidades de AVC contempladas por verba do Ministério da Saúde. O Hospital Municipal São José, de Joinville, foi o primeiro a criar uma unidade de AVC no País e passou a ser beneficiado pelo programa federal em novembro de 2013.

Conforme Cabral, um paciente internado por AVC isquêmico _ quando ocorre a obstrução de um vaso sanguíneo _ custa, em média, US$ 3 mil, enquanto a vítima de um acidente vascular cerebral hemorrágico custa cerca de US$ 5 mil. O valor corresponde ao período que o paciente precisa ficar internado.

Apenas 3% dos hospitais brasileiros, entre públicos e privados, são cadastrados no programa. Essas unidades também têm acesso ao trombolítico, medicamento que possibilita a desobstrução de uma veia, em caso de AVC isquêmico, que custa R$ 4 mil, mas para esses hospitais é distribuído gratuitamente.

Como será feita a pesquisa

O modelo de pesquisa do grupo de Joinville foi escolhido para ser financiado pelo Ministério da Saúde e pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), porque a equipe, sediada no Hospital São José, utiliza o “padrão ouro metodológico científico”, de acordo com o doutor e professor da Univille Norberto Cabral.

—O mundo inteiro pesquisa o AVC por meio de estudos populacionais. Contam todos os casos, todos que morreram pela doença em uma cidade, assim se cria uma taxa que você pode comparar com qualquer outra cidade do mundo—, esclarece o coordenador do grupo de estudo.

Segundo a enfermeira Vivian Nagel Schneider Silva, as equipes formadas por um neurologista e duas enfermeiras em cada cidade vão coletar três tipos de dados referentes ao AVC: ocorrências da doença em todos os hospitais do município; declarações de óbitos e causas de morte não declaradas – neste caso, conversam com a família – a cada 30 dias (coletado na Vigilância Sanitária); e classificação ambulatorial – consulta de pacientes internados por AVC no Código Internacional de Doença.

Após a coleta dos dados, iniciam-se as entrevistas com os pacientes. Em conversas por telefone, os pesquisadores investigam se essas pessoas têm colesterol elevado, pressão alta, diabetes, para poder medir a adesão ao tratamento e o quanto isso influenciou na ocorrência da doença. Também é feito um ranking para identificar o grau de incapacidade do paciente vítima do acidente vascular cerebral.

—O estudo vai otimizar os investimentos que objetivam diminuir a incidência do AVC no País—, observa Cabral.

Para se aproximar ao máximo da realidade nacional, a pesquisa, prevista para começar em agosto, vai ocorrer em diferentes regiões brasileiras: Sertãozinho (SP), Campo Grande (MT), Sobral (CE), Canoas (RS) e Rio Branco (AC) em  2014 e 2015.

Biobanco analisa DNA de pacientes

O grupo de pesquisa conta desde 2005 com um banco de dados de ocorrência do AVC no Hospital Municipal São José, em Joinville, o qual tem quase 4.500 pacientes cadastrados, e é o de atualização mais contínua da América do Sul.

Conta com o apoio da Univille para manter um biobanco com 1.100 amostras de DNA de pessoas que sofreram AVC na cidade. Este biobanco vai analisar essas amostras de DNA e criar um banco de imagens dos pacientes afetados pela doença.

O coordenador do biobanco da Univille, Paulo França, explica que a análise genética será feita em parceria com a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores vão analisar as amostras de DNA coletadas em Joinville. Após o sangue ser extraído e purificado na cidade, o material será enviado para Campinas.

—O objetivo é saber se o DNA de quem teve AVC tinha predisposição em comparação com as pessoas que não tiveram—, explica França.

O coordenador do grupo de pesquisa, Norberto Cabral, explica que também serão coletadas amostras de DNA dos pacientes das cinco cidades brasileiras. O banco de imagens de pacientes afetados pelo acidente vascular cerebral vai ser formado a partir dos arquivos do São José. A proposta é compor o banco com os quase 4.500 registros que já formam a memória da unidade de AVC do hospital.

—São as tomografias que estão nos computadores do São José—, diz.

Fonte:  anoticia.clicrbs.com.br/

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